quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Moita Flores acusa director da PSP de inventar teoria da cabala

"Moita Flores acusa director da PSP de inventar teoria da cabala

Orlando Romano apontado como o homem que "vendeu" aos jornais tese de que grupo queria inocentar arguidos, através de acusações aos socialistas. Director nacional diz que o que se passa em tribunal é "um assunto sério" pelo qual cada um deve ser responsabilizado
O ex-inspector da Polícia Judiciária e actual presidente da Câmara Municipal de Santarém, Moita Flores, acusou, no tribunal que julga o processo Casa Pia, Orlando Romano, director-nacional da PSP à data destas acusações (Novembro de 2006) de ser o autor da tese segundo a qual a investigação do caso de pedofilia se trataria de uma cabala contra o PS e de o colocar no centro dessa estratégia, devido a um conflito antigo entre ambos.
A testemunha respondia a perguntas do advogado de Carlos Silvino, que o confrontou com notícias saídas nos jornais, durante a investigação deste processo, que o dão como principal elemento de um grupo que se dedicava a "incriminar inocentes e a inocentar culpados". Neste caso, "o senhor quis inocentar Carlos Cruz, com quem trabalhou no Euro 2004?", perguntou José Maria Martins. Moita Flores negou, afirmando que nunca "branqueou ninguém", mas que também sempre fez "os possíveis para não denegrir ninguém".
Conflito antigo
Confrontado depois com uma carta que, na altura, enviou ao secretário-geral do Partido Socialista, Ferro Rodrigues - em que defende a honra dos elementos do grupo citados pelos jornais e o seu próprio - Moita Flores refere "um conflito" pessoal e antigo, com um magistrado do Ministério Público e acusa-o de ter sido ele "a vender" a tese da cabala. Orlando Romano, como depois especificou, já em resposta a perguntas do advogado de Cruz, terá feito isso devido "a quezílias antigas" entre os dois, surgidas no âmbito de "outro grande julgamento e de outro grande caso".
Questionado por Ricardo Sá Fernandes sobre se tinha conhecimento de que aquele grupo se concertasse "no sentido de branquear os arguidos, culpando pessoas do PS", a testemunha defendeu que se trata de pessoas de "grande craveira" , incapazes de fazer tal coisa, e voltou a referir que a invenção partiu de Orlando Romano, à época, director da Polícia Judiciária.
Contactado pelo JN, o então director nacional da PSP fez um comentário, através do gabinete de relações públicas, em que afirma: "Confirmaria ter inventado esta e muitas outras cabalas pelas quais, porém, nada recebi dos compradores, se o que se passa em tribunal não fosse um assunto sério pelo qual cada um deverá ser responsabilizado".
O jornalista que sabia tudo
Moita Flores disse ainda que depois de se ter deslocado a primeira vez a Santa Clara, telefonou ao jornalista Jorge van Krieken a contar o que se tinha passado. Perante a indignação da juíza Ana Peres ( as testemunhas não devem contactar entre si), esclareceu que o referido jornalista "sabe tudo" o que se passa no tribunal e sabia já, até porque foram feitas declarações públicas, o que ele tinha dito.
Os advogados e o Ministério Público quiseram saber como é que o jornalista "sabe tudo", se a maioria das audiências decorreu à porta fechada. Moita emendou de novo explicando que o que queria dizer é que ele sabe tudo sobre o processo em causa.

 
 
 
in JN - 2008-02-28
 
Uma variação do que saiu no Jornal O Crime.

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